eu aguentei muito mais do que qualquer um seria capaz. não por ser forte, não estou me achando superior às outras pessoas. muito pelo contrário. insistente, se me permitem uma palavra. insistente e burra, se me permitirem duas. e o pior é que eu me impus isso. eu pensei "ok, depois da chuva, vem um dia de sol, então é só esperar", e fui com fé. meses e meses nessa ladaínha, nesse lembra-e-chora, e nesse chora-e-ri, porque era muito importante pra mim tentar mostrar que eu estava ok. até que eu simplesmente decidi que havia muito mais por vir. deletei alguns gigas de memória, e as que restaram eu guardei naquela gaveta debaixo, a que eu nunca abro. um pouquinho de vontade e as coisas aparentemente entraram nos eixos.
eu não deveria ter tido tanta consideração assim. deveria ter colocado tudo no lixo, como me colocaram uma vez. despejar cada grama de lembrança pelo ralo. sem boas recordações, sem nada que eu pudesse me apegar. porque, depois de um árduo trabalho de auto-reconstrução, cá eu me encontro, de novo no início desse ciclo vicioso. nessa relação de amor/ódio com essa história, onde todos os finais alternativos acabam sendo a mesma coisa, com a diferença de mais ou menos dor, mais ou menos lágrimas, mais ou menos seriedade. mas, ainda assim, a mesma coisa.
antes, rodeada de abraços amigos, affairs, alcool e música alta, foi difícil. e agora? como lembrar que eu não preciso disso se, atualmente, isso é tudo o que eu tenho? é um morde-e-assopra eterno. e eu já vi que nao tenho vocação alguma pra eternidade.