16.4.09

a arte do desapego - FAIL!

quando muitas coisas passam a dar errado pra você, ou o mundo é uma grande temporada de malhação, ou você está fazendo algo errado. e, apesar de tentar pensar - e fazer com que os outros pensem - que não, imagina, tou fazendo tudo certo, eu sei bem que não estou. então, quietinha, no escurinho do quarto, longe dos olhares das pessoas que prontamente indicariam meu erro, eu busquei por ele. e é tão ridiculamente explícito, e tão pateticamente repetitivo, que eu fiquei anestesiada por um tempo, até aceitar que sim, era exatamente aquilo. aquele pequeno detalhe, já de tantos anos.

eu aguentei muito mais do que qualquer um seria capaz. não por ser forte, não estou me achando superior às outras pessoas. muito pelo contrário. insistente, se me permitem uma palavra. insistente e burra, se me permitirem duas. e o pior é que eu me impus isso. eu pensei "ok, depois da chuva, vem um dia de sol, então é só esperar", e fui com fé. meses e meses nessa ladaínha, nesse lembra-e-chora, e nesse chora-e-ri, porque era muito importante pra mim tentar mostrar que eu estava ok. até que eu simplesmente decidi que havia muito mais por vir. deletei alguns gigas de memória, e as que restaram eu guardei naquela gaveta debaixo, a que eu nunca abro. um pouquinho de vontade e as coisas aparentemente entraram nos eixos.

eu não deveria ter tido tanta consideração assim. deveria ter colocado tudo no lixo, como me colocaram uma vez. despejar cada grama de lembrança pelo ralo. sem boas recordações, sem nada que eu pudesse me apegar. porque, depois de um árduo trabalho de auto-reconstrução, cá eu me encontro, de novo no início desse ciclo vicioso. nessa relação de amor/ódio com essa história, onde todos os finais alternativos acabam sendo a mesma coisa, com a diferença de mais ou menos dor, mais ou menos lágrimas, mais ou menos seriedade. mas, ainda assim, a mesma coisa.

antes, rodeada de abraços amigos, affairs, alcool e música alta, foi difícil. e agora? como lembrar que eu não preciso disso se, atualmente, isso é tudo o que eu tenho? é um morde-e-assopra eterno. e eu já vi que nao tenho vocação alguma pra eternidade.